domingo, 16 de janeiro de 2011

história sem ponto final




Era uma vez um rapaz, que se juntou a mais uns amigos e decidiram divertir-se na noite académica de Faro. Quando lá chega, depara-se com uma rapariga da sua escola à porta do recinto. ‘Não gosto dela’ pensa ele. Mas como a bebida faz com que as pessoas fiquem mais desinibidas, ele decide conhecê-la melhor. Acontece então a famosa troca de números de telemóvel.


Como se costuma dizer, a primeira impressão de uma pessoa nem sempre é a que corresponde à realidade. E neste caso, não correspondia mesmo. Ele pensava que ela era um bocado arrogante e senhora do seu nariz, mas soube depois que ela também não gostava muito dele quando o via passar na escola.


Conversam dia-a-dia em mensagens telefónicas, que passam a troca de e-mails. Já com alguma confiança, ele ganha coragem para convidá-la a ir passear, apesar de já conhecer todos os recantos desgastados da cidade onde vivem. Ela aceita o convite.


E lá vão os dois, conversando cara a cara, divertindo-se e conhecendo-se melhor. Quando ele chega a casa, pensa que realmente estava muito errado e que a rapariga era espectacular. Tinha uma personalidade bastante forte que fez criar uma pequena atracção dentro dele, a borbulhar cada vez que via os seus olhos, o seu cabelo, ou quando ouvia a sua linda voz. Voz essa que o arrepiava e arrepia ainda nos dias de hoje, principalmente quando canta.


O secundário estava no fim, e o Baile de Finalistas a aproximar-se cada vez mais. Apesar dela ser um ano mais nova, também ia. Foi então uma noite bastante divertida na companhia de todos os amigos da escola, até que a dor nos pés da rapariga começa, depois de tanto dançar. Ele acompanha-a então lá fora.


Aqueles bancos são mágicos. Depois de alguma conversa e descanso, o rapaz faz com que a rapariga se sinta envergonhada apenas com uma simples palavra: ‘Fofinha’. Ela ficava um pouco vermelha, mudando a direcção do olhar e a implorar para que ele parásse.


Parou. O tempo. O tempo parou quando os dois sentem os lábios um do outro. Como se o mundo também parásse e nada existisse envolta daqueles dois simples jovens. Foi algo bastante inesperado e espontâneo que marcou a vida do rapaz. Não se largaram mais durante a noite, como dois irmãos gémeos siameses.


Para variar, os dois estavam sempre à conversa todos os dias, e a confiança, o amor e a amizade aumentam a cada minuto que passa. Com o Verão, os dois voltam a estar juntos diversas vezes. Todas foram fantásticas e únicas. O rapaz lembra-se delas como se tivessem acontecido ontem.
Apesar de tanto um como outro terem estado com outras pessoas no mesmo Verão, o destino quer, com toda a força, juntá-los eternamente.


Não. O rapaz não está apaixonado. Mas há qualquer coisa na rapariga, tirando a amizade, que o faz sentir especial, útil e único neste mundo. Ela é muito, muito especial para ele, como se fosse um membro da sua família. Quem lha tira, tira-lhe uma parte do seu coração.


Acaba o Verão, e saem os resultados da universidade. O rapaz pensava que entrava em Faro, mas inesperadamente é colocado em Leiria. Sem palavras. O rapaz chora como nunca chorou. Os últimos dias na cidade onde sempre viveu foram emocionantes. Esteve com a rapariga todos os dias, recebendo o seu amor e carinho, os seus abraços, os seus beijos. Algo que ele sempre desejou.


Não. Ele não quer namoros. Ele não gosta de rótulos e desse tipo de coisas. Gosta de viver a vida descansadamente. Sim, ele gosta de estar com ela. Muito.


Chega a hora da despedida. Momento horrível. Os dois abraçam-se como se não houvesse amanhã. Ele pede-lhe para ir com ela a um sítio, longe de todos os amigos e beija-a, pela última vez. Ele nunca mais esqueceu isso e cada vez que se lembra dessa noite, uma lágrima cai.


O rapaz vinha ao fim-de-semana, mas já não estavam juntos como antes. Dor. Ele já estava habituado a tê-la ao seu lado, como amiga, mas também como alguém que lhe dava amor e carinho. Mas a amizade estava acima de tudo e nada ele podia fazer.


Passado algum tempo, o rapaz envolve-se com uma rapariga em Leiria. Sem saber bem o porquê. Ainda hoje, esse rapaz, não sabe o porquê desse pequeno e insignificante relacionamento. Ele só pensava na sua melhor amiga. E ainda pensa.


Ela ficou devastada quando soube que ele estava com outra. Só pensava ‘foi desta que o perdi’. Mas não perdeu, porque isso nunca pode acontecer. Se ele a perde, o seu coração pára, pois ela é bastante importante para ele, apesar de tudo o que possa acontecer pelo caminho.


Mas aquilo que aconteceu em Leiria rapidamente acabou. Ele queria a sua melhor amiga de volta. E conseguiu. Passado algum tempo, estiveram juntos, de novo, no mesmo sítio onde se beijaram pela primeira vez. Depois dessa noite, estiveram juntos mais duas vezes.


O rapaz celebra o seu aniversário logo nos primeiros quinze dias de Janeiro. Mas este ano iria ser diferente. Desde o primeiro dia do novo ano que ele estava pensativo sobre essa data que se aproximava. ‘Não vou ter a Cátia ao meu lado, para me abraçar neste dia especial para mim.’ era uma das grandes razões de porquê ele ficar tão triste durante esses dias. Outro motivo que o deixou triste, foi uma pequena confusão no dia após a Passagem de Ano. Uma confusão que não ficou resolvida no momento, e que fez com que os dois não falassem assim tanto como costumavam falar. O que lhe causava dor e grandes saudades dela.


Mas ele voltou, para celebrar o seu aniversário com os seus amigos e família. E foi logo no dia seguinte que ele quis falar com ela. Ele não aguentava mais. Ela confronta-o, perguntando se ele estava apaixonado por ela. Ele responde que não, mas que ela é muito especial para ele. Ela pergunta-lhe o porquê de tanta tristeza. Ele diz-lhe e começa a chorar. A chorar como chorou quando viu a mensagem telefónica dela a desejar-lhe os parabéns. No fim dessa conversa, a rapariga confessa finalmente que está muito confusa em relação aos sentimentos que sente por ele, e que aquilo que eles têm ainda não tem um ponto final. Eles são os melhores amigos. Mas também são mais que isso.


E esta história ainda não tem um ponto final

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